sábado, 15 de junho de 2013

Bolsa Família enfraquece o coronelismo e rompe cultura da resignação - Servidores, empresários, produtores rurais, alunos de escolas particulares, familiares de autoridades e até pessoas falecidas constam na lista de beneficiários

Bolsa Família enfraquece o coronelismo e rompe cultura da resignação, diz socióloga
ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO

A sra. afirma que é preconceito dizer que as pessoas vão para o Bolsa Família para não trabalhar. Por quê?

Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.

Parentes de autoridades, empresários e até mortos recebem Bolsa Família, aponta CGU

Comentários 1001 Carlos Madeiro Do UOL, em Maceió  10/06/201306h00   http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/06/10/parentes-de-autoridades-empresarios-e-ate-mortos-recebem-bolsa-familia-aponta-cgu.htm

Servidores, empresários, produtores rurais, alunos de escolas particulares, familiares de autoridades e até pessoas falecidas constam na lista de beneficiários do Bolsa Família, segundo relatórios de fiscalização produzidos pela CGU (Controladora Geral da União) no início de 2013.

Na última etapa do programa de fiscalização por sorteio, segundo apurou o UOL, todos os 58 relatórios de municípios divulgados no site da CGU apresentam indícios de irregularidades no maior programa social do mundo, que atende a 13 milhões de famílias no país. A fiscalização foi feita no final de 2012, com relatórios divulgados no início deste ano.

Os dados acima só confirmam a CORRUPÇÃO ENDÊMICA das ‘zelites’ (os ‘gersons’ que sempre estão procurando uma oportunidade para se aproveitar do dinheiro público, agravando as carências de quem deveria ser atendido com estes recursos): os operadores desta corrupção são os prefeitos e funcionários municipais responsáveis pela qualidade e eficácia (no combate à miséria extrema) do Cadastro Único. E os beneficiários, de mais esta corrupção, são os de sempre: os amigos dos ‘pequenos e grandes reis das cortes do Brasil’. Os mesmos que se beneficiam das ‘maracutaias’ da construção de escolas, estádios da copa, estradas, hospitais, presídios, etc. que não funcionam por falta de pessoas para atender a plebe que não faz ‘planejamento tributário’ (os ´barnabés’ – os mal pagos e mal equipados funcionários públicos encarregados de atende-los) ou má qualidade da construção.

Como afirma Peter Drucker (O Papa do Management Atual): “não existem países desenvolvidos e subdesenvolvidos, mas sim países que sabem administrar a tecnologia existente e seus recursos disponíveis e potenciais e países que ainda não o sabem. Em outros termos, existem países administrados e países subadministrados”. Essa afirmação reflete de maneira global e sintetizada o que acontece com nosso país. Ricos e famintos, subdesenvolvidos com recursos de sobra, mal administrados ou sub-administrados, vendemos o recurso, a matéria-prima e compramos o produto

Fonte: Brasil, um país subadministrado – (Neste artigo uma interessante comparação entre o Brasile o Japão pós Segunda Guerra) http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/brasil-um-pais-subadministrado/10678/

Dez anos após sua implantação, o Bolsa Família mudou a vida nos rincões mais pobres do país: o tradicional coronelismo perde força e a arraigada cultura da resignação está sendo abalada.

A conclusão é da socióloga Walquiria Leão Rego, 67, que escreveu, com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, "Vozes do Bolsa Família" (Editora Unesp, 248 págs., R$ 36). O livro será lançado hoje, às 19h, na Livraria da Vila do shopping Pátio Higienópolis. No local, haverá um debate mediado por Jézio Gutierre com a participação do cientista político André Singer e da socióloga Amélia Cohn.


Durante cinco anos, entre 2006 e 2011, a dupla realizou entrevistas com os beneficiários do Bolsa Família e percorreu lugares como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão alagoano, o interior do Maranhão, Piauí e Recife. Queriam investigar o "poder liberatório do dinheiro" provocado pelo programa.

Aproveitando férias e folgas, eles pagaram do próprio bolso os custos das viagens. Sem se preocupar com estatística, a pesquisa foi qualitativa e baseada em entrevistas abertas.

Professora de teoria da cidadania na Unicamp, Rego defende que o Bolsa Família "é o início de uma democratização real" do país. Nesta entrevista, ela fala dos boatos que sacudiram o programa recentemente e dos preconceitos que cercam a iniciativa: "Nossa elite é muito cruel", afirma.

Folha - Como explicar o pânico recente no Bolsa Família? Qual o impacto do programa nas regiões onde a sra. pesquisou?
Walquiria Leão Rego - Enorme. Basta ver que um boato fez correr um milhão de pessoas. Isso se espalha pelos radialistas de interior. Elas [as pessoas] são muito frágeis. Certamente entraram em absoluto desespero. Poderia ter gerado coisas até mais violentas. Foi de uma crueldade desmesurada. Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade.


Como assim?
Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente.


Qual o impacto do Bolsa Família nas relações familiares?
Ocorreram transformações nelas mesmas. De repente se ganha uma certa dignidade na vida, algo que nunca se teve, que é a regularidade de uma renda. Se ganha uma segurança maior e respeitabilidade. Houve também um impacto econômico e comercial muito grande. Elas são boas pagadoras e aprenderam a gerir o dinheiro após dez anos de experiência. Não acho que resolveu o problema. Mas é o início de uma democratização real, da democratização da democracia brasileira. É inaceitável uma pessoa se considerar um democrata e achar que não tenha nada a ver com um concidadão que esteja ali caído na rua. Essa é uma questão pública da maior importância.


O Bolsa Família deveria entrar na Constituição?
A constitucionalização do Bolsa Família precisava ser feita urgentemente. E a renda tem que ser maior. Esse é um programa barato, 0,5% do PIB. Acho, também, que as pessoas têm direito à renda básica. Tem que ser uma política de Estado, que nenhum governo possa dizer que não tem mais recurso. Mas qualquer política distributiva mexe com interesses poderosos.


A sra. poderia explicar melhor?
Isso é histórico. A elite brasileira acha que o Estado é para ela, que não pode ter esse negócio de dar dinheiro para pobre. Além de o Bolsa Família entrar na Constituição, é preciso ter outras políticas complementares, políticas culturais específicas. É preciso ter uma escola pensada para aquela população. É preciso ter outra televisão, pois essa é a pior possível, não ajuda a desfazer preconceitos. É preciso organizar um conjunto de políticas articuladas para formar cidadãos.


A sra. quer dizer que a ascensão é só de consumidores?
As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: 'A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto'. Essa delicadeza... a gente se surpreende muito.


O que a surpreendeu na sua pesquisa?
Quando vi a alegria que sentiam de poder partilhar uma comida que era deles, que não tinha sido pedida. Não tinham passado pela humilhação de pedi-la; foram lá e compraram. Crianças que comeram macarrão com salsicha pela primeira vez. É muito preconceituoso dizer que só querem consumir. A distância entre nós é tão grande que a gente não pode imaginar. A carência lá é tão absurda. Aprendi que pode ser uma grande experiência tomar água gelada.


Li que a sra. teria apurado que o Bolsa Família, ao tornar as mulheres mais independentes, estava provocando separações, uma revolução feminina. Mas não encontrei isso no livro. O que é fato?
É só conhecer um pouco o país para saber que não poderia haver entre essas mulheres uma revolução feminista. É difícil para elas mudar as relações conjugais. Elas são mais autônomas com a Bolsa? São. Elas nunca tiveram dinheiro e passaram a ter, são titulares do cartão, têm a senha. Elas têm uma moralidade muito forte: compram primeiro a comida para as crianças. Depois, se sobrar, compram colchão, televisão. É ainda muito difícil falar da vida pessoal. Uma ou outra me disse que tinha vontade de se separar. Há o problema de alcoolismo. Esses processos no Brasil são muito longos. Em São Paulo é comum a separação; no sertão é incomum. A família em muitos lugares é ampliada, com sogra, mãe, cunhado vivendo muito próximos. Essa realidade não se desfaz.


Mas há indícios de mudança?
Indícios, sim. Certamente elas estão falando mais nesse assunto. Em 2006, não queriam falar de sentimentos privados. Em 2011, num povoado no sertão de Alagoas, me disseram que tinha havido cinco casos de separação. Perguntei as razões. Uma me disse: 'Aquela se apaixonou pelo marido da vizinha'. Perguntei para outra. Ela disse: 'Pensando bem, acho que a bolsa nos dá mais coragem'. Disso daí deduzir que há um movimento feminista, meu deus do céu, é quase cruel. Não sei se dá para fazer essa relação tão automática do Bolsa com a transformação delas em mulheres mais independentes. Certamente são mais independentes, como qualquer pessoa que não tinha nada e passa a ter uma renda. Um homem também. Mas há censuras internas, tem a religião. As coisas são muito mais espessas do que a gente imagina.


O machismo é muito forte?
Sim. E também dentro delas. Se o machismo é muito percebido em São Paulo, imagina quando no chamado Brasil profundo. Lá, os padrões familiares são muito rígidos. É comum se ouvir que a mulher saiu da escola porque o pai disse que ela não precisava aprender. Elas se casam muito cedo. Agora, como prevê a sociologia do dinheiro, elas estão muito contentes pela regularidade, pela estabilidade, pelo fato de poderem planejar minimamente a vida. Mas eu não avançaria numa hipótese de revolução sexual.


O Bolsa Família mexeu com o coronelismo?
Sim, enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito. Num programa que envolve 54 milhões de pessoas, alguma coisa de vez em quando [acontece]. Mas a fraude é quase zero. O cadastro único é muito bem feito. Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro.


E a questão eleitoral?
O coronel perdeu peso porque ela adquiriu uma liberdade que não tinha. Não precisa ir ao prefeito. Pode pedir uma rua melhor, mas não comida, que era por ai que o coronelismo funcionava. Há resíduos culturais. Ela pode votar no prefeito da família tal, mas para presidente da República, não.


Esses votos são do Lula?
São. Até 2011, quando terminei a pesquisa, eram. Quando me perguntam por que Lula tem essa força, respondo: nunca paramos para estudar o peso da fala testemunhal. Todos sabem que ele passou fome, que é um homem do povo e que sabe o que é pobreza. A figura dele é muito forte. O lado ruim é que seja muito personalizado. Mas, também, existe uma identidade partidária, uma capilaridade do PT.


Há um argumento que diz que o Bolsa Família é como uma droga que torna o lulismo imbatível nas urnas. O que a sra. acha?
Isso é preconceito. A elite brasileira ignora o seu país e vai ficando dura, insensível. Sente aquele povo como sendo uma sub-humanidade. Imaginam que essas pessoas são idiotas. Por R$ 5 por mês eles compram uma parabólica usada. Cheguei uma vez numa casa e eles estavam vendo TV Senado. Perguntei o motivo. A resposta: 'A gente gosta porque tem alguma coisa para aprender'.


No livro a sra. cita muitos casos de mulheres que fizeram laqueadura. Como é isso?
O SUS (Sistema Único de Saúde) está fazendo a pedido delas. É o sonho maior. Aliás, outro preconceito é dizer que elas vão se encher de filhos para aumentar o Bolsa Família. É supor que sejam imbecis. O grande sonho é tomar a pílula ou fazer laqueadura.


A sra. afirma que é preconceito dizer que as pessoas vão para o Bolsa Família para não trabalhar. Por quê?

Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.


Há vontade de deixar o Bolsa Família?
Elas gostariam de ter emprego, salário, carteira assinada, férias, direitos. Há também uma pressão social. Ouvem dizer que estão acomodadas. Uma pesquisa feita em Itaboraí, no Rio de Janeiro, diz que lá elas têm vergonha de ter o cartão. São vistas como pobres coitadas que dependem do governo para viver, que são incapazes, vagabundas. Como em "Ralé", de Máximo Gorki, os pobres repetem a ideologia da elite. A miséria é muito dura.


A sra. escreve que o Bolsa Família é o inicio da superação da cultura de resignação? Será?
A cultura da resignação foi muito estudada e é tema da literatura: Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego. Ela tem componente religioso: 'Deus quis assim'. E mescla elementos culturais: a espera da chuva, as promessas. Essa cultura da resignação foi rompida pelo Bolsa Família: a vida pode ser diferente, não é uma repetição. É a hipótese que eu levanto. Aparece uma coisa nova: é possível e é bom ter uma renda regular. É possível ter outra vida, não preciso ver meus filhos morrerem de fome, como minha mãe e minha vó viam. Esse sentimento de que o Brasil está vivendo uma coisa nova é muito real. Hoje se encontram negras médicas, dentistas, por causa do ProUni (Universidade para Todos). Depois de dez anos, o Bolsa Família tem mostrado que é possível melhorar de vida, aprender coisas novas. Não tem mais o 'Fabiano' [personagem de "Vidas Secas"], a vida não é tão seca mais.



AUTOR Walquiria Leão Rego e Alessandro Pinzani
EDITORA Editora Unesp
QUANTO R$ 36 (248 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 19h, na Livraria da Vila - Shopping Higienópolis (av. Higienópolis, 618; tel. 0/xx/11/3660-0230)


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Atenciosamente.
Claudio Estevam Próspero 
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sábado, 8 de junho de 2013

Procura-se a corporação 2020. Alguém a viu? Para o guru da sustentabilidade Pavan Sukhdev, as empresas de hoje seguem os modelos anacrônicos de 1920, de olho no lucro a qualquer custo. Mas a empresa do futuro já nasceu

Entrevista | 14/05/2013 12:06
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Procura-se a corporação 2020. Alguém a viu?
Para o guru da sustentabilidade Pavan Sukhdev, as empresas de hoje seguem os modelos anacrônicos de 1920, de olho no lucro a qualquer custo. Mas a empresa do futuro já nasceu


EXAME.com: Quanto tempo é necessário pra mudar o modelo business as usual?
Pavan Sukhdev: Eu não sei quanto tempo é necessário, mas lhe digo o seguinte: temos apenas 10 anos para mudar o business as usual. Temos que fazer isso, porque, basicamente os ecossistemas do planeta não vão esperar por nós. Estamos testando a resiliência da Terra em várias dimensões. O último EL Niño acabou com 20% dos corais, isso é algo assustador. Mais de 5 milhões de pessoas dependem das atividades em torno dos recifes para sobreviver.
Esse é um dos limites planetários que nos olha de frente. É por isso que temos que mudar a economia, mudar a forma como usamos os recursos do planeta. Precisamos fazer isso mudando as corporações. É preciso mudar a forma como se mede desempenho financeiro, é preciso mudar a forma como tributamos, a forma de fazer propaganda, e como se usa o dinheiro. Esses quatro fatores são chave para transformar as corporações.

EXAME.com: Qual a importância de inserir as externalidades nos demonstrativos financeiros?
Pavan Sukhdev: Pense na corporação como uma fábrica de capital. A contabilidade faz lucro financeiro, mas também faz bens e serviços para os consumidores. Mas ao mesmo tempo, cria capital humano ao treinar seus empregados, às vezes destrói o capital social ao desregular a vida das pessoas, às vezes cria capital social ao investir em comunidades, às vezes cria capital natural, ao plantar florestas como parte de um programa voluntário de responsabilidade socioambiental. Às vezes, destrói o capital natural, ao transformar florestas em outras formas de uso de terra.
De todas essas coisas que falei, a única que as companhias reportam é a criação de capital financeiro. Então, temos que migrar para um sistema onde não se olhe apenas para a “caixa pequena” do capital financeiro, mas para o grande quadro, que inclui o capital financeiro mas também humano, social, natural. Só ao fazermos isso, saberemos o impacto real das empresas no mundo.
EXAME.com: Mas ao contabilizar essas externalidades, é possível que muitos setores deixem de ser tão lucrativos, não?
Pavan Suckdev: É verdade. Pegue as atividades de pecuária e agricultura na América Latina, por exemplo, cujo valor da produção é de 16 bilhões de dólares. Um estudo recente mostra que as externalidades chegam a 313 bilhões de dólares. O custo ambiental é 19 vezes maior que o valor de produção. Isso é estupidez econômica.
(...) De fato, há trinta ou quarenta anos, a energia era escassa, então subsidiar petróleo e carvão fazia sentido. Hoje, não mais.
Agora, conhecemos os custos pesados das mudanças climáticas. Sabemos que não podemos usar combustível fóssil eternamente, então precisamos investir, e subsidiar, combustíveis mais limpos. Apesar disso, ainda subsidiamos fontes fósseis e sujas, quase 650 bilhões de dólares, segundo estimativas em 2009. Além disso, tem os subsídios para transporte privado e subsídios para agricultura, a maior parte insustentável. A “insustentabilidade” é muito cara. Não temos como arcar com ela. E infelizmente, os custos da falta de sustentabilidade são públicos, não privados. E por serem custos públicos e não contabilizados, as pessoas pensam que eles não estão lá.

(...) É possível ter energia solar a custo baixo. Se fossemos captar toda a energia do sol, seria possível suprir a demanda do mundo inteiro. O problema é que não reconhecemos essa realidade, e por isso não investimos o suficiente em tecnologias capazes de entregar essa energia.
Repito, estamos gastando trilhões em subsídios para resolver problemas de ontem, tudo para dar continuidade a esse paciente agonizante que é a velha economia “marrom”. Estamos prolongando a vida de uma economia que já mostrou estar morta, tendo em vista as crises econômicas. E as empresas são as únicas capazes de fazer a mudança. Elas cobrem 60% do PIB global e geram 70% dos postos de trabalho do mundo. Aos consumidores, ou melhor, aos cidadãos, cabe o papel de cobrar das empresas essas mudanças.
EXAME.com: O senhor acha que a taxação verde pode ser um vetor de transformação do comportamento das empresas?
Pavan Sukhdev: A “cor” da taxação não importa aqui. É preciso taxar o que é ruim e não o que é bom. O que é bom hoje? A boa performance, ou seja aquela que se apoia na inovação para atender necessidades, e não o inverso. O problema é que não estamos taxando a extração de recursos naturais, mineração, exploração de petróleo, carvão, etc. E esse não é um desafio para todos os países, ao contrário de um acordo global climático. É um desafio para cerca de 30 nações que têm grandes participações nesses setores.

São Paulo – O economista indiano Pavan Sukhdev tem opiniões que tendem a destoar das de seus pares e da leitura costumeira que fazemos dos mecanismos de geração de riqueza. Ele não discute, por exemplo, se subsídios são bons ou ruins. “Eles só resolvem os problemas de ontem, não os de amanhã”, pondera. Tampouco questiona se setores como petróleo, ou agricultura, precisam de mais incentivos. “É estupidez econômica”, define.

Considerado um guru da sustentabilidade, ele diz que as empresas de hoje perpetuam modelos anacrônicos, de 1920, cujo único propósito é a busca pelo lucro - a qualquer custo. Mas a companhia do amanhã já nasceu, afirma Sukhdev, que veio ao país para o lançamento da primeira edição brasileira de seu livro “Corporação 2020”.
Ex-economista sênior do Deutsche Bank e principal autor do relatório The Economics of Ecossystems and Biodiversity (TEEB), ele falou com exclusividade à EXAME.com.
EXAME.com: No livro, o senhor diz que as empresas de hoje são anacrônicas, muito anos 1920. Por quê?
Pavan Suckdev: A história nos trouxe até onde estamos. Na segunda metade do século 20, houve um grande alinhamento de forças, começando pela desregulamentação dos mercados, que deu à corporação a capacidade de escolher. Escolher entre as fontes de recursos mais baratas, não importa onde estejam, escolher a mão de obra mais barata, não importa as condições em que o trabalho se dá, escolher ainda os melhores mercados e os mais ricos.
Acontece que, ao se tornarem internacionais e bem sucedidas, as corporações ignoraram sua pegada ecológica, as emissões de gases efeito estufa, os impactos em sociedades locais, e nos recursos hídricos. São essas as externalidades negativas do que chamo corporação 1920, aquela que é tão focada na busca por lucro que ignora completamente o resto do seu impacto na sociedade e no meio ambiente.
EXAME.com: A impressão é de que é preciso uma mudança radical, onde a geração do maior lucro no menor tempo possível deixe de pautar as economias. É isso que o senhor sugere?
Pavan Sukhdev: O aumento do lucro é importante, mas deve ser apenas um dos guias. Afinal, o que queremos fazer como sociedade é aumentar o bem estar das pessoas. Mas o erro é que confundimos bem estar com utilidade e maximização. Queremos tirar o maior proveito dos bens de consumo. Em paralelo, as companhias dizem “Ok, podemos entregar isso a um preço barato pra você comprar mais”. Mas comprar o segundo carro, ou a terceira televisão ou o quarto smartphone não necessariamente torna as pessoas mais felizes.
EXAME.com: Mas faz o PIB crescer...
Pavan Sukhdev: Sim, faz o PIB crescer e faz também o lucro das empresas disparar. Mas não torna as pessoas mais felizes. Não estamos atingindo o bem-estar de fato.
O desafio é como fazer as pessoas enxergarem como o modelo antigo estimula o crescimento do PIB e o lucro, mas é incapaz de criar bem estar humano. E para conseguir bem estar precisamos operar de forma diferente, precisamos entender não só o que os shareholders querem, mas o que os stakeholders querem.

EXAME.com: Se as empresas perpetuam modelos de 1920, qual é o tempo do consumidor de hoje?
Pavan Sukhdev: Eles também são de 1920. Para lucrar, as corporações investiram muito em propaganda. Gasta-se muito dinheiro convencendo as pessoas 24 horas por dia, sete dias por semana para comprar mais, e sempre o último lançamento. O meu Black Berry ou o meu iPhone podem durar muito mais do que seis meses ou um ano. Quando você vai comprar um carro, os vendedores não promovem o modelo com base no tempo que ele pode durar. A mensagem é sempre de que o novo é melhor e que você precisa tê-lo. E o consumidor de hoje segue essa lógica.
EXAME.com: Como seria o consumidor de 2020 então?
Pavan Sukhdev: É aquele que olha para o produto e pergunta a si mesmo: será que poderei usar isso daqui a cinco anos ou 10 anos? Se esse bem pode durar tanto tempo significa que ele antecipa tecnologias futuras, logo eu serei capaz de usá-lo sem ter que trocar por outro daqui a 10 anos. O consumidor 2020 também é capaz de pagar um pouco mais por essa longevidade.
EXAME.com: É comum vermos muitas empresas inovando, mas poucas realmente mudam. A que se presta a inovação hoje?
Pavan Sukhdev: No passado, dizia-se que a necessidade leva à inovação, e a inovação por sua vez supre a necessidade. Mas isso não se aplica mais ao nosso tempo. Hoje, a inovação leva à necessidade. As companhias pensam em novas formas de capitalizar em cima da insegurança do consumidor, dizendo “Ei, essa bolsa não é tão boa, você deveria ter uma Prada”.
Elas apelam para a insegurança, que então se transforma num “querer” que, em seguida, se transforma numa necessidade. Hoje, a inovação é usada para “plantar” necessidades. É esse ciclo intensivo no uso de recursos do “pegar, produzir, e descartar” que está exaurindo o Planeta.
EXAME.com: O que define o DNA da corporação 2020?
Pavan Sukhdev: A empresa do futuro sempre esteve aí. Houve um tempo em que se dizia que o propósito da corporação era servir ao social. No meu país, na Índia, tem um grupo gigantesco chamado Tata. O fundador do grupo no século 19 disse que “a comunidade não é só mais um stakeholder do processo, ela é o propósito em si”. Ainda hoje, o Tata Group carrega essa filosofia, ele ainda acredita no propósito social.
O DNA da Corporação 2020 é o de trabalhar como uma fábrica de capital, de alinhar seus objetivos com o objetivo da sociedade, de ouvir e agir em conjunto com comunidades locais, de capacitar seus funcionários e gerar capital humano. Esse DNA já existe. O problema é que ao mesmo tempo tem o DNA da corporação 1920, que ignora o propósito social e busca apenas objetivos financeiros. Os dois DNAs estão aí.

EXAME.com: E quem ganha?
Pavan Sukhdev: Do ponto de vista da biologia, as espécies evoluem e têm sucesso a partir da forma como reagem ao meio ambiente. No mesmo raciocínio, a não ser que mudemos o meio ambiente, como atingiremos o mundo da corporação 2020? O meio ambiente de uma corporação tem a ver com políticas, preços e instituições.
Para fazer com o que o DNA da corporação 2020 cresça e ganhe força é preciso mudar esse meio ambiente. E quando se mudam as políticas, os preços e as instituições, a corporação 1920 automaticamente deixa de existir, porque o ambiente não lhe dará mais suporte.
EXAME.com: Quanto tempo é necessário pra mudar o modelo business as usual?
Pavan Sukhdev: Eu não sei quanto tempo é necessário, mas lhe digo o seguinte: temos apenas 10 anos para mudar o business as usual. Temos que fazer isso, porque, basicamente os ecossistemas do planeta não vão esperar por nós. Estamos testando a resiliência da Terra em várias dimensões. O último EL Niño acabou com 20% dos corais, isso é algo assustador. Mais de 5 milhões de pessoas dependem das atividades em torno dos recifes para sobreviver.
Esse é um dos limites planetários que nos olha de frente. É por isso que temos que mudar a economia, mudar a forma como usamos os recursos do planeta. Precisamos fazer isso mudando as corporações. É preciso mudar a forma como se mede desempenho financeiro, é preciso mudar a forma como tributamos, a forma de fazer propaganda, e como se usa o dinheiro. Esses quatro fatores são chave para transformar as corporações.
EXAME.com: Como fazer as empresas enxergarem a “economia invisível da natureza”? E por que isso é necessário?
Pavan Sukhdev: As empresas não contabilizam a economia da natureza porque nunca precisaram disso. Elas estão ignorando sua dependência na natureza. E ao agir assim, elas aumentam os riscos para o seu negócio e para a sociedade. O problema é que isso não faz parte do sistema contábil delas, porque são produtos e bens públicos. Você só vai descobrir a importância das abelhas na polinização das plantações quando não houver mais abelhas.
Nós estamos descobrindo isso da pior forma, que é através das calamidades naturais, quando já é tarde para consertar a falha. Sem reconhecer os impactos, sem reconhecer a dependência que se tem da natureza, as empresas não serão capazes de ter sucesso nos próximos anos. A valorização dos serviços da natureza é uma forma apropriada de reconhecer essa realidade.
Isso não significa “comprar” a natureza, nem vendê-la. Estamos falando de entender o valor econômico que a mãe natureza nos dá, mas que nós ignoramos o tempo todo. E ao agirmos assim, estamos ativamente destruindo a natureza. De fato, estamos vendendo a natureza, mas sabe a que preço? Zero.
EXAME.com: Afinal, a natureza tem um preço?
Pavan Sukhdev: Não se pode colocar um preço na natureza. O preço da natureza é infinito. Como seres humanos, não podemos viver sem o planeta, mas ainda assim nossas ações estão nos levando a perdê-lo. Nós valoramos a natureza por que ela é extremamente útil e valiosa. E nós perdemos a natureza porque não medimos esses valores em termos econômicos.
Nós temos que começar a valorar os serviços ecossistêmicos, e isso não significa pôr um preço na natureza. Mas você pode colocar um preço nos serviços ecossistêmicos. E dizer “Ok, se você não tiver polinização por abelhas, então o valor econômico da agricultura vai cair talvez 20 bilhões de dólares”.
Se não tivermos os corais de recifes, então o ecoturismo vai ser prejudicado e a produção de frutos do mar será prejudicada. Fazer esse tipo de mensuração é saudável porque ela força os políticos a reconhecer o valor econômico da natureza. Se o argumento dado aos políticos não for em termos econômicos, eles tendem a ignorá-lo. A economia tornou-se a língua da política.
EXAME.com: Qual a importância de inserir as externalidades nos demonstrativos financeiros?
Pavan Sukhdev: Pense na corporação como uma fábrica de capital. A contabilidade faz lucro financeiro, mas também faz bens e serviços para os consumidores. Mas ao mesmo tempo, cria capital humano ao treinar seus empregados, às vezes destrói o capital social ao desregular a vida das pessoas, às vezes cria capital social ao investir em comunidades, às vezes cria capital natural, ao plantar florestas como parte de um programa voluntário de responsabilidade socioambiental. Às vezes, destrói o capital natural, ao transformar florestas em outras formas de uso de terra.
De todas essas coisas que falei, a única que as companhias reportam é a criação de capital financeiro. Então, temos que migrar para um sistema onde não se olhe apenas para a “caixa pequena” do capital financeiro, mas para o grande quadro, que inclui o capital financeiro mas também humano, social, natural. Só ao fazermos isso, saberemos o impacto real das empresas no mundo.
EXAME.com: Como as empresas podem fazer o reporte das externalidades e em que termos?
Pavan Sukhdev: O reporte de externalidades positivas ou negativas não precisa acontecer de imediato, em termos financeiros, mas através da mensuração de impactos, como o número de pessoas afetadas, ou os custos para a saúde. A boa notícia é que podemos fazer tudo isso. Técnicas de contabilidade e valoração melhoram muito nos últimos 20 anos. A primeira empresa a calcular e reportar suas externalidades ambientais negativas, por exemplo, foi a Puma, que analisou de forma cuidadosa os impactos de suas operações, assim como os impactos de quatro níveis de sua cadeia de fornecimento.
Outro exemplo de estudo que avalia a externalidades, é o que minha consultoria [ a Gist ] realizou para a empresa indiana Infosys, mostrando que a empresa gera imensas externalidades de capital humano ao treinar milhares de empregados todos os anos. [A externalidade positiva foi estimada em US$1,4 bilhão em 2012].
EXAME.com: Mas ao contabilizar essas externalidades, é possível que muitos setores deixem de ser tão lucrativos, não?
Pavan Suckdev: É verdade. Pegue as atividades de pecuária e agricultura na América Latina, por exemplo, cujo valor da produção é de 16 bilhões de dólares. Um estudo recente mostra que as externalidades chegam a 313 bilhões de dólares. O custo ambiental é 19 vezes maior que o valor de produção. Isso é estupidez econômica.
EXAME.com: Como os governos estão ajudando a criar solo fértil para o florescimento da corporação 2020?
Pavan Sukhdev: Os governos precisam repensar a forma como agem. Os subsídios de hoje estão resolvendo os problemas de ontem. Acontece que os subsídios de hoje deveriam estar solucionando os problemas de amanhã. De fato, há trinta ou quarenta anos, a energia era escassa, então subsidiar petróleo e carvão fazia sentido. Hoje, não mais.
Agora, conhecemos os custos pesados das mudanças climáticas. Sabemos que não podemos usar combustível fóssil eternamente, então precisamos investir, e subsidiar, combustíveis mais limpos. Apesar disso, ainda subsidiamos fontes fósseis e sujas, quase 650 bilhões de dólares, segundo estimativas em 2009. Além disso, tem os subsídios para transporte privado e subsídios para agricultura, a maior parte insustentável. A “insustentabilidade” é muito cara. Não temos como arcar com ela. E infelizmente, os custos da falta de sustentabilidade são públicos, não privados. E por serem custos públicos e não contabilizados, as pessoas pensam que eles não estão lá.

EXAME.com: Essa lógica se aplica também a países em desenvolvimento, que alegam precisar de energia barata, ainda que suja, para crescer?
Pavan Sukhdev: Claro que se aplica. É possível ter energia solar a custo baixo. Se fossemos captar toda a energia do sol, seria possível suprir a demanda do mundo inteiro. O problema é que não reconhecemos essa realidade, e por isso não investimos o suficiente em tecnologias capazes de entregar essa energia.
Repito, estamos gastando trilhões em subsídios para resolver problemas de ontem, tudo para dar continuidade a esse paciente agonizante que é a velha economia “marrom”. Estamos prolongando a vida de uma economia que já mostrou estar morta, tendo em vista as crises econômicas. E as empresas são as únicas capazes de fazer a mudança. Elas cobrem 60% do PIB global e geram 70% dos postos de trabalho do mundo. Aos consumidores, ou melhor, aos cidadãos, cabe o papel de cobrar das empresas essas mudanças.
EXAME.com: O senhor acha que a taxação verde pode ser um vetor de transformação do comportamento das empresas?
Pavan Sukhdev: A “cor” da taxação não importa aqui. É preciso taxar o que é ruim e não o que é bom. O que é bom hoje? A boa performance, ou seja aquela que se apoia na inovação para atender necessidades, e não o inverso. O problema é que não estamos taxando a extração de recursos naturais, mineração, exploração de petróleo, carvão, etc. E esse não é um desafio para todos os países, ao contrário de um acordo global climático. É um desafio para cerca de 30 nações que têm grandes participações nesses setores.
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Sustentabilidade | 10/05/2013 16:10
Corporação 2020, de Pavan Sukhdev, ganha edição brasileira
O lançamento da obra de Sukhdev, considerado um guru da sustentabilidade, acontecerá na próxima segunda 13/05, às 19h, na Livraria da Vila do Shopping JK Iguatemi, em SP
Débora Spitzcovsky, do http://exame0.abrilm.com.br/assets/sources/42/content_planeta-sustentavel-logo-fonte.jpg?1330954633
São Paulo - O economista indiano Pavan Sukhdev – principal autor do relatório The Economics of Ecossystems and Biodiversity (TEEB), da ONU, que fala a respeito da importância e do valor da biodiversidade para a sociedade e as empresas – assina o segundo livro lançado com o selo Planeta Sustentável: Corporação 2020 – Como transformar as empresas para o mundo de amanhã.

A obra traz uma visão perspicaz a respeito da história das empresas no mundo, chamando a atenção para as características marcantes da “corporação 1920” – que prioriza o crescimento a qualquer custo e a publicidade voltada, exclusivamente, para a ampliação dos mercados – e para a necessidade de fazer a transição para a “corporação 2020”.
O novo modelo corporativo proposto por Sukhdev é baseado em novos incentivos e regulamentações que permitam às empresas aumentar o bem-estar humano e a igualdade social, diminuir os riscos ambientais e os prejuízos ecológicos e continuar a gerar lucro.
“Corporação 2020 é a metáfora da mutação que vai revolucionar o próprio sentido da atividade empresarial para que a riqueza se traduza em prosperidade e o crescimento não vá além das fronteiras ecossistêmicas”, define o sociólogo Ricardo Abramovay, autor de Muito Além da Economia Verde, primeiro livro publicado pelo selo Planeta Sustentável.
A obra ainda conta com dois prefácios escritos pelos especialistas Nicholas Stern, economista e autor do Relatório Stern – que mostra os custos das mudanças climáticas para a economia mundial – e Jochen Zeitz, ex-CEO da Puma. “Precisamos sair da era dos negócios que causam danos colaterais para a dos negócios que geram benefícios colaterais”, diz Zeitz no livro.
Lançado internacionalmente, em inglês, no ano de 2012, esta é a primeira vez que Corporação 2020 é publicado em outro idioma. O lançamento da obra em português acontecerá em 13/05, às 19h, na Livraria da Vila do Shopping JK Iguatemi, em SP.
Além de autografar exemplares do livro, Pavan Sukhdev participará de debate ao lado de Abramovay e Matthew Shirts, coordenador do Planeta Sustentável e redator-chefe da revista National Geographic Brasil. O evento é aberto ao público. Esperamos você lá!

1° capítulo GRÁTIS - Corporação 2020 - Como transformar as empresas para o mundo de amanhã - Planeta Sustentável - Pavan Sukhdev | Planeta Sustentável







Corporação 2020


Publiqueo selo
no seu blog
Que tal mudar de atitude hoje?

















Pavan Sukhdev no programa Capital Natural, em 01/06Débora Spitzcovsky - 24/05/2013 às 20:07



Corporação 2020 - Redação do Planeta

Os Contadores podem salvar o mundo? O economista indiano Pavan Sukhdev acredita que sim. Como? Dando valor à natureza. Em seu livroCorporação 2020: como transformar as empresas para o mundo de amanhã, Pavan explica a importância de incluir os serviços ambientais – o ar que respiramos, a água que bebemos, as florestas – na contabilidade de todos os agentes econômicos. Para ele, a valoração do capital natural é um passo básico para a criação de empresas à altura dos desafios do nosso século. Neste blog, acompanhe tudo sobre o lançamento do livro em português, com o selo Planeta Sustentável, e entenda o que suas ideias representam para o futuro.
Na Semana do Meio Ambiente, o programa Capital Natural – apresentado pelo escritor, jornalista e político Fernando Gabeira no canal Band News – receberá o economista indiano Pavan Sukhdev, referência mundial em economia e sustentabilidade e autor do segundo livro lançado pelo selo Planeta SustantávelCorporação 2020.
Dividido em três blocos, o programa exibirá entrevista exclusiva em que Gabeira e Sukhdev falam a respeito de temas comoeconomia de baixo carbono – e suas implicações para o capitalismo, o PIB e o consumo –, valoração da biodiversidade,microeconomia e mercados verdes.
A atração vai ao ar no sábado, 01/06, às 21h30, com reprise no domingo, 02/06, no mesmo horário. Após exibição na Band News, o programa estará disponível no site do Capital Natural
Já em sua segunda temporada, o programa comandado por Gabeira vai ao ar semanalmente para discutir com líderes, tomadores de decisão e grandes players do mercado os desafios da implantação da sustentabilidade empresarial no Brasil. 
Foto: Caco de Paula
Leia também:
Planeta Sustentável apresenta Novas Ideias para o Futuro da Amazônia no programa Capital Natural



 



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domingo, 7 de outubro de 2012

Terceira Revolução Industrial melhora a DISTRIBUIÇÃO (na geografia e no tempo) e a QUALIDADE dos EMPREGOS GERADOS por REAL (R$) INVESTIDO


Terceira Revolução Industrial tem como marca central a rede de energia/internet. O fundamental não está na energia, na internet ou na noção de rede, e sim na junção das três: não só a energia, mas parte crescente da prosperidade do século XXI virá de uma organização social assinalada pela descentralização, pela cooperação e pela partilha.

A narrativa da Terceira Revolução Industrial apoia-se em cinco pilares:

· primeiro está na passagem (nada trivial, é claro) das energias fósseis para as renováveis.

· segundo, e talvez mais importante dos cinco pilares, é a transformação do estoque de construções de todo o mundo em micro usinas de coleta (e de distribuição) de energia. (Auto suficiência e excedentes vendidos à rede => Dispositivos eólicos, solares e biodigestores / processadores da biomassa (esgoto e restos de alimentos)).

· terceiro pilar está em tecnologias que permitirão armazenar (para se poder, então, distribuir) o produto dessas fontes inevitavelmente instáveis de energia de que são potencialmente dotadas as edificações.

· quarto pilar – que os dispositivos da economia da informação em rede possam promover a integração e a partilha desse fluxo de energia produzido de maneira descentralizada. Aí reside a nova unidade entre comunicação e energia. São redes inteligentes, bidirecionais, que operam com base em energias produzidas localmente, ao contrário das duas revoluções industriais anteriores. A WEB Energética, onde todos são produtores e consumidores de energias limpas.

· quinto pilar está no sistema de transportes, que dará maior peso aos equipamentos coletivos e também, no que se refere aos veículos individuais, aos carros elétricos e baseados em células combustíveis, integrados igualmente a esse sistema descentralizado de redes inteligentes.


Analisando o efeito, no EMPREGO, de cada um dos Cinco Pilares da TerceiraRevolução Industrial:




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Atenciosamente.
Claudio Estevam Próspero 
http://mitologiasdegaia.blogspot.com/ (Blog: Mitologias de Gaia)
http://criatividadeinovao.blogspot.com/ (Blog: Criatividade e Inovação)
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**  http://automacao-inteligencia-organizacional.blogspot.com.br/ (Blog: Automação e Inteligência Organizacional)
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