terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Hortas Urbanas são 'sementes conceituais e práticas' das Fazendas Verticais?


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"No futuro, compraremos verduras no arranha-céu da esquina, escolhendo cultivos frescos por andar. Nas maiores cidades do mundo, multiplicam-se os projetos de plantações verticais. Conheça a roça high tech."

http://geografiaprofessoraalessandraoliveira.blogspot.com.br/2012/03/fazendas-verticais.html


Talvez o mais promissor de todos os arranjos é o que é hoje conhecido como agricultura vertical. [554] A agricultura vertical tem sido posta à prova em várias regiões, com resultados de eficiência extremamente positivos. Extrapolando essas estatísticas, juntamente com o avanço da tendência paralela (aumento da eficiência) dos mecanismos associados a este processo, revelam que o futuro da produção de alimentos abundantes irá, não só (em comparação com a atual tradição, em terra) usar menos recursos por unidade de produção, como causar menos desperdício, ter uma pegada ecológica reduzida, aumentar a qualidade dos alimentos e similares; Ele também vai usar menor superfície do planeta e permitir que tipos de alimentos, antes restrito a certos climas e regiões, possam ser cultivados em praticamente qualquer lugar, em sistemas verticais fechados. 

Enquanto as abordagens variem, métodos comuns incluem rotação de culturas em sistemas de caixas transparentes, para usar luz natural, juntamente com sistemas de abastecimento de água e de nutrientes hidropônicos [555] [556], 'aeropônicos' e ou 'aquapônicos' [557]. Sistemas artificiais de luz estão sendo usados também, juntamente com outros meios para distribuir a luz natural, tais como o uso de sistemas de espelhos parabólicos que podem desviar a luz sem eletricidade. [558] Muitas abordagens sistêmicas de "conversão de lixo em energia" [559], para estas estruturas, são cada vez mais comuns, como acontece com os sistemas avançados de energia, baseados em processos de recuperação ou em fontes locais. Entre várias abordagens, a capacidade é aumentada dramaticamente já que o alimento pode ser cultivado quase 24 horas por dia, sete dias por semana. 

Objeções comuns a este tipo de agricultura têm sido quase sempre preocupações sobre a sua pegada de energia, criticando o uso de luz artificial, em alguns arranjos, bem como o uso intensivo de energia. No entanto, o uso de sistemas renováveis de energias, como a energia fotovoltaica, juntamente com a localização regional mais propícia aos métodos renováveis, tais como próximas de fontes por ondas, marés ou geotérmicas, apresentam soluções plausíveis para energias sustentáveis, não baseadas em hidrocarbonetos. 

No entanto, é melhor pensar sobre isso em um contexto comparativo. Nos EUA, até 20 por cento do consumo de combustíveis fósseis do país vai para a cadeia alimentar, de acordo com a Organização para a Alimentação e Agricultura da ONU (FAO), que aponta que o uso de combustíveis fósseis pelos sistemas alimentares, no mundo desenvolvido, "muitas vezes rivaliza com o dos automóveis". [560] 

Em Cingapura, um sistema de fazenda vertical, personalizado, construído em um gabinete transparente, utiliza um sistema hidráulico automatizado, de ciclo fechado, para rotacionar a safra, em círculos, entre a luz solar e um tratamento de nutrientes orgânicos, custando apenas US $ 3 por mês, em eletricidade, para cada gabinete. [561] Este sistema também é relatado como sendo dez vezes mais produtivo, por metro quadrado, do que a agricultura convencional, com muito menos água, mão de obra e fertilizantes utilizados, como descrito acima. Também não há custo real de transporte, dado que todos os produtos são distribuídos localmente, economizando mais recursos e energia. 

No total, há uma gama de aplicações, a partir de agora, para estruturas pré-existentes e que, em muitos casos, não foram projetadas para tal trabalho, serem utilizadas. [562] Em Chicago, IL, EUA, a maior fazenda vertical orgânica certificada do mundo está em operação. Apesar de produzir principalmente verduras para o mercado local de Chicago, esta instalação de 90.000 metros quadrados, utiliza um sistema 'aquapônico' [563], com restos de tilápia fornecendo nutrientes para as plantas. A fazenda, segundo relatado, teria economizado 90% de sua água, em comparação com as técnicas agrícolas convencionais, e não produz escoamento agrícola. Além disso, todos os seus resíduos, tais como as raízes das plantas, caules e até mesmo embalagens biodegradáveis, são reciclados em colaboração, tornando-se uma unidade de resíduo zero. [564] 

As estatísticas correntes variam com respeito à eficiência, muitas vezes, devido a limitações de base monetária e preocupações inerentes de rentabilidade. Tal como acontece com muito do sistema de mercado, a tecnologia promissora só se desenvolve se se provar competitiva. Dado como essas idéias são novas, não podemos esperar ver muitos exemplos, nem podemos esperar ver uma otimização de tais métodos em alta medida sem "a aceitação do mercado". 

No entanto, podemos extrapolar o potencial percebido dos sistemas existentes, escalando sua aplicação, como se fosse incorporada em toda grande cidade, em sua forma relativamente mais eficiente. A lista a seguir confirma a superioridade desta abordagem sobre o modelo atual, tradicional, baseado em terra, não só mostrando uma prática mais sustentável, mas uma prática mais produtiva que pode, em conjunto com os métodos existentes, abastecer toda a população do mundo com nutrição à base de vegetais, muitas vezes além da situação atual. [565] 

Versátil:

Ao contrário da agricultura tradicional, as fazendas verticais podem ser construídas em qualquer lugar, até mesmo na água, usando camadas ascendentes para multiplicar a capacidade de produção. (Ou seja, uma fazenda de dez andares vai produzir 1/10 de uma fazenda de 100 andares.) Esta utilização do espaço é limitada, principalmente, por possibilidades de arquitetura. Da mesma forma, as plantas podem ser cultivadas "por demanda", em muitos aspectos, uma vez que as restrições com base em região, tem sido eliminadas uma vez que nessas fazendas pode-se cultivar praticamente qualquer coisa.

Utilização reduzida de recursos:

A Agricultura Vertical usa substancialmente menos água e pesticidas, e é mais propícia para métodos baseados em nutrientes / fertilizantes não originados de hidrocarbonetos. Seu uso de energia pode variar de acordo com a aplicação, mas na sua configuração mais eficiente utiliza drasticamente menos energia, tanto para alimentar a própria fazenda, quanto no que diz respeito à necessidade, agora removida, de excesso de fertilizantes de hidrocarbonetos e transporte com base no petróleo, que é um fardo pesado no processo corrente, baseado em fazendas.

Mais sustentável / menos danos ecológicos:

A tradição atual da agricultura tem sido reconhecida como um dos processos ecologicamente mais destrutivos da sociedade moderna. Nas palavras do escritor ambiental Renee Cho: 

"A partir de 2008, 37,7 por cento da disponibilidade global de terras e 45 por cento das terras dos EUA foram utilizadas para a agricultura. A invasão de seres humanos em terras selvagens resultou na propagação de doenças infecciosas, na perda de biodiversidade e na degradação dos ecossistemas. Super-cultivo e má gestão do solo levaram à degradação das terras agrícolas globais. Os milhões de toneladas de pesticidas tóxicos usados, a cada ano, contaminam águas superficiais e subterrâneas, e colocam em perigo a vida selvagem. 

A agricultura é responsável por 15 por cento das emissões globais de gases de efeito estufa. E é responsável por um quinto do uso, nos EUA, de combustíveis fósseis, principalmente para operar equipamentos agrícolas, transporte de alimentos e produção de fertilizantes. Como o excesso de fertilizantes escorre em rios, córregos e oceanos, pode causar a eutrofização: proliferação de floração de algas; quando elas morrem, são consumidas por micróbios, que usam todo o oxigênio da água; o resultado é uma zona morta que mata toda a vida aquática. Em 2008, havia 405 zonas mortas em todo o mundo ... mais de dois terços da água doce do mundo é utilizada na agricultura ". [566] 

Capacidades pós-escassez:

Estudantes da Universidade de Columbia que trabalham em sistemas de fazendas verticais determinaram que, a fim de alimentar 50.000 pessoas, seriam necessários 30 andares de um edifício do tamanho de um quarteirão da cidade de Nova York. [567] Um quarteirão de New York City, falando livremente, é de cerca de 6,4 hectares. [568] Se extrapolarmos isto, no contexto da cidade de Los Angeles, CA, EUA, com uma população de cerca de 3,9 milhões, [569] com uma área total de cerca de 318.912, [570] seriam necessários cerca de 78 edifícios de trinta andares, estruturas que cobririam 6.4 acres de terra para alimentar os moradores da região. Isso equivale a cerca de 0,1% da área total de terras de Los Angeles para alimentar a população. [571]

A Terra, tendo cerca de 29% de terra, tem cerca de 36.794.240 mil hectares e uma população humana de 7,2 bilhões, a partir do final de 2013. [572] Se extrapolarmos a mesma base de uma fazenda vertical de 30 andares cobrindo 6,4 hectares para alimentar 50 mil pessoas, acabaremos necessitando de 144.000 fazendas verticais, em teoria, para alimentar o mundo. [573] Isso equivale a 921.600 hectares de terra para instalar essas fazendas. [574] Dado que cerca de 38% de todas as terras da Terra atualmente estão sendo utilizadas para a agricultura tradicional (13.981.811.200 acres), [575], descobrimos que precisamos apenas de 0,006% das terras agrícolas, existentes na Terra, para atender às exigências de produção. [576] 

Agora, estas extrapolações são claramente teóricas e, obviamente, muitos outros fatores devem ser levados em conta no que diz respeito à instalação de tais sistemas de produção e detalhes críticos. Além disso, dentro da estatística dos 38% de uso da terra, muitas destas terras são para a criação de gado, não apenas para produção de safra. No entanto, as estatísticas brutas são bastante incríveis com relação a possível eficiência e capacidade. Na verdade, se fôssemos tomar teoricamente só a terra de produção de safra sendo usada atualmente, que é de cerca de 4.408.320 mil hectares, [577], substituir o processo de cultivo com base na terra, colocando apenas estes sistemas de fazendas verticais, de 30 andares (lado a lado), a produção de alimentos seria suficiente para alimentar 34.440.000.000.000 de pessoas. [578] (34,4 trilhões). 

Dado que nós só precisamos alimentar 9 bilhões, até 2050, precisamos aproveitar, apenas, cerca de 0,02% desta capacidade teórica, que, pode-se argumentar, provavelmente tornam bastante discutíveis quaisquer objeções comuns, aparentemente práticas, para a extrapolação acima mencionada. Como uma nota final, as proteínas, que são facilmente disponíveis no reino vegetal, são ainda postas em causa, nos dias de hoje, em relação ao interesse na produção de carne. Do ponto de vista da sustentabilidade, ignorando as questões morais e práticas comuns, sem dúvida desumanas, ainda correntes na criação industrializada de gado, a produção de carne é, hoje, um ato prejudicial ao meio ambiente. 

De acordo com o ILRI, criações de gado ocupam cerca de 45% da superfície da Terra. [579] De acordo com a FAO, o setor pecuário produz mais emissões de gases de efeito estufa do que o moderno transporte, consumidor de gás. [580] Tendo em conta que 90% de todos os peixes grandes, dos um dia prósperos oceanos, sumiram devido ao excesso de pesca, aqui também [581], novas soluções são necessárias. 

Uma tal solução é a aquicultura, que consiste na criação direta de peixe, crustáceos e outros semelhantes. Esta abordagem direta, se conduzida de forma sustentável, pode incrementar a criação de peixes, ricos em proteínas, para o consumo humano, substituindo a demanda por carne em terra. Outra abordagem é a produção de "carne in vitro". A "carne in vitro" pode ser produzida, com as tiras de fibra muscular, que se desenvolvem através da fusão de células precursoras, da utilização de células estaminais embrionárias ou das células satélites especializadas, presentes no tecido muscular. Este tipo de carne é normalmente cultivada num biorreator. 

Embora ainda em fase experimental, em 2013, o primeiro hambúrguer cultivado em laboratório, do mundo, foi cozido e comido em Londres. [582] Outros benefícios incluem a redução de doenças originárias do gado, que são muito comuns, além de ser capaz de evitar certas características negativas para a saúde, da carne tradicional, como a remoção de ácidos graxos na produção.


O texto acima foi extraído do seguinte capítulo, em revisão para publicação no site:

Ensaio 13: Tendências Pós-Escassez , Capacidades e Eficiências 

Diagnósticos e soluções propostas no livro:

O MOVIMENTO ZEITGEIST-UMA NOVA FORMA DE PENSAR
A tradução (colaborativa) dos capítulos 1 a 11 está disponível no site (estamos trabalhando nos demais capítulos  - se desejar ajudar na tradução / revisão, veja como no link):