Efeitos positivos da migração para uma economia baseada no hidrogênio:
ü Reversão dos danos climáticos.
Ø Motor de combustão interna => CO2 => piora efeito estufa
Ø Célula combustível H2 => H2O => reduz efeito estufa
ü Reversão instabilidade geopolítica por reverter dependência crescente de reservas de petróleo do Oriente Médio.
ü Possibilidade de democratização da produção e distribuição de energia se sociedades lutarem pelo conceito de HEW (Rede de Energia do Hidrogênio)
Alguns investimentos em curso:
ü Islândia + Royal Dutch/Shell Group + Daimler-Chrysler + Norsk Hydro estão implementando um plano para tornar a Islândia a primeira economia baseada no hidrogênio do mundo.
ü Carros a hidrogênio:
Ø Daimler-Benz US$350 milhões a partir de 1997 (100 mil unidades até 2010, 1/7 da produção anual). Com a adesão da Ford o investimento foi elevado para mais de US$1 bilhão.
Ø Toyota e GM esperam ter seus carros a H2 até 2010.
Ø Soma de investimentos planejados por Nissan, Honda e Mitsubishi chegam a outro US$ 1 Bilhão.
Disponibilidade geotérmica para produção de eletricidade:
De acordo com o Departamento de Energia dos EUA, calcula-se que as reservas geotérmicas, só nos EUA, excedam 70 milhões de quads. Isso é energia potencial suficiente para suprir o consumo humano de eletricidade por centenas de milhares de anos.
Os dados abaixo buscam demonstrar a necessidade de conversão da matriz de energia. A dúvida é se será feita de forma planejada para evitar crises ou se será uma transição dolorosa para atender interesses econômicos de curto prazo.
Reservas de petróleo (Bilhões de barris):
Estimativa de reserva total do mundo: 1.800 a 2.200 bilhões de barris.
Valor já consumido: 875 milhões de barris.
Algumas projeções de demanda:
> Para a China igualar o consumo per capita para ter o padrão de vida dos EUA seriam necessários mais 80 milhões de barris de petróleo por dia – 10 milhões a mais do que toda a produção mundial de 1997.
> Se China e Índia elevarem seu consumo per capita para média da Coréia do Sul consumiriam 119 milhões de barris / dia. Isso é quase 50% superior à demanda mundial de 2000.
Estudos indicam que o pico da produção de petróleo ocorrerá entre 2010 e 2020. Isto é, dentro deste prazo metade das reservas recuperáveis terão sido processadas. Quando a produção global de petróleo atingir seu pico, os preços passarão a sofrer aumentos ininterruptos e contínuos, conforme os países, empresas e indivíduos competirem pela metade remanescente das reservas.
Metodologia de previsão: Curva de Sino de Hubbert (geofísico da Shell Oil Company que previu declínio da produção de petróleo dos 48 estados do sul norte-americano em 1956 (época de produção recorde)). Pico previsto para entre 1965 e 1970. Pico real em 1970, quando produção passou a declínio contínuo. EUA deixaram de ser maior produtor mundial, mudança que ditou muito da geopolítica do globo desde então. A tese de Hubbert afirma que a produção de petróleo começa do zero, eleva-se, atinge o pico quando metade das reservas recuperáveis for processada, e então despenca, numa clássica curva em forma de sino.
A produção per capita de petróleo já atingiu o pico em 1979, estando em declínio contínuo, segundo a British Petroleum. A causa é o aumento da população mais rápido que aumento da produção.
1930 => 30% do pico (aproximadamente 3,3 barris / ano / pessoa)
1979 => pico (11,15 barris / ano / pessoa).
Cálculo, segundo curva de sino:
2030 => 3,32 barris / ano / pessoa.
Importância e instabilidade do Oriente Médio.
Há mais de 40 mil campos petrolíferos conhecidos no mundo, mas 40 campos gigantescos-mais de 5 bilhões de barris- representam mais da metade das reservas do mundo. Vinte e seis desses quarenta campos estão no Golfo Pérsico. Mais importante, enquanto os outros campos gigantes, como os dos EUA e da Rússia, já atingiram o pico e estão em declínio, os campos do Oriente Médio ainda estão subindo a curva.
A proporção entre reserva e produção (R/P) nos diz muita coisa. A R/P corresponde ao numero de anos que as reserva de petróleo durarão no atual ritmo de produção.
R/P para EUA .................... = 10
R/P para Noruega ............... = 10
R/P para Canadá ................. = .8
R/P para Irã ........................= 53
R/P para Arábia Saudita ....... = 55
R/P para Emirados Árabes .... = 75
R/P para Kuwait ................. = 116
R/P para Iraque ................. = 526 (!). [Claudio - 2012: a verdadeira razão da invasão?)
Joseph Riva, ex-membro do Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA, adverte:
“a expansão planejada na produção petrolífera (...) não chega à metade do que se necessita para atender à demanda de petróleo prevista pela Agência Internacional de Energia para o ano de 2010, mas custará mais de US$ 100 bilhões, além de um adicional de US$ 20 bilhões, destinado a modernizar e expandir as refinarias do Golfo Pérsico e atender à crescente demanda mundial. Um aumento além do planejado custaria ainda mais caro por barril, já que o petróleo remanescente se torna mais difícil de recuperar”.
No centro do Petróleo e do Islã está a Arábia Saudita, dona das maiores reservas do mundo e terra sagrada do Islamismo (santuários de Meca e Medina). Embora alguns zombem da idéia de que Alá tenha conferido tamanha dádiva aos defensores da fé, ninguém se atreveu a rir quando Osama bin Laden conclamou seus seguidores em todo o mundo a reinvidicar a sagrada terra saudita, fundar um estado islâmico universal e subir o preço do petróleo para US$ 144 o barril.
As cifras do petróleo são desconcertantes. A receita de petróleo da Opep chegara a US$ 340 bilhões por ano após o embargo de 1974. Com a queda do xá do Irã em 1979 e o inicio da guerra Irã-Iraque em 1980, ela chegou a casa dos US$ 438,8 bilhões. Apenas seis anos depois, esta receita despencou para menos de US$ 83 bilhões. A renda petrolífera da Opep continuou baixa desde então. Nos anos de emergência a receita dos governos vinha do petróleo e não dos impostos.
Nesses países metade dos empregos são públicos. Muitos países do Golfo ofereciam educação pública gratuita até o nível universitário, serviços gratuitos de saúde, moradia subsidiada, apoio e empréstimos a baixos juros para a abertura de empresas e seguridade social para deficientes e idosos. A Arábia Saudita e o Kuwait chegam mesmo a oferecer alimentos subsidiados por meio de cooperativas financiadas pelo governo. A gasolina tem descontos, e serviços públicos como água, eletricidade e telefone são ou gratuitos ou subsidiados.
Em troca de seus cuidados com o povo, os governos do Golfo esperam lealdade absoluta e inabalável ao Estado. Discórdias políticas, ainda que moderadas não são admitidas. Os governos são geridos por elites hereditárias, deixando pouco espaço para que novas concepções políticas sejam manifestadas ou expressas publicamente.
Enquanto a receita do petróleo excedeu os gastos governamentais com serviços, as monarquias do Golfo puderam comprar a lealdade e obediência da maioria absoluta de seus súditos. Durante a última década, mais ou menos, as receitas decadentes do petróleo não puderam dar conta dos gastos cumulativos do governo. A crescente dívida pública e o corte progressivo dos serviços tornaram os países da região mais instáveis politicamente do que em qualquer época de sua história e muito mais vulneráveis à insurreição de movimentos fundamentalistas islâmicos.
Além disso, há uma “explosão demográfica” nessa parte do mundo: 40% da população tem menos de 17 anos. Hoje o desemprego entre as pessoas de dezoito a vinte e cinco anos é em média de 20%, o que constitui uma bomba-relógio política em todos os países. Em curto prazo, enquanto a Rússia e outros produtores fora da Opep inundarem o mercado com petróleo bruto barato, a renda per capita real provavelmente continuará a cair. Nos países do sul do Golfo, a renda per capita real representa hoje 40% do que era no apogeu da emergência do petróleo, há 20 anos, e deve continuar caindo, criando assim um risco ainda maior de difundir a inquietação social e a revolta política.
Os árabe-sauditas gostam de dizer: “Meu pai andava de camelo, eu dirijo um carro, meu filho pilota um jato - e o filho dele andará a camelo”. Embora um quarto das reservas remanescentes de petróleo esteja na Arábia Saudita, há uma sensação quase fatalista, entre muitos sauditas, de que constituem uma nação vivendo um “tempo emprestado”. O uso que os sauditas fizerem deste empréstimo provavelmente determinará o modo como o mundo vai deixar a era do petróleo.
Energia nos EUA: um contra ponto.
O geólogo Walter Youngquist observa que, se quisermos ter uma idéia da quantidade de energia que flui diariamente pela sociedade americana, basta calcular quanto de energia cada individuo tem a disposição em termos de “pessoas-vapor”. Partindo do pressuposto de que uma “pessoa-vapor” é igual a 0,25 cavalo-vapor, a 186 watts e a 635 BTU/h. Se o atual consumo de energia nos EUA fosse calculado pelo número de pessoas-vapor necessárias para realizar a mesma quantidade de trabalho, o resultado seria aproximadamente o triplo da população do mundo. Em termos atuais, o consumo de energia do americano médio equivale ao que produziriam cinqüenta e oito escravos trabalhando continuamente vinte e quatro horas por dia. Se “comprássemos a energia contida num barril de petróleo pelo mesmo preço que pagamos pelo trabalho humano (US$ 5 por hora), ele custaria mais de 45 mil dólares”, em vez dos 25 dólares atuais.
As idéias acima são um resumo de parte do conteúdo do livro A Economia do Hidrogênio, de Jeremy Rifkin – M. Books - 2003, cuja leitura eu recomendo para quem desejar ter um entendimento melhor dos acontecimentos e condicionamentos de nossa atual situação.
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